Entender motivações e dificuldades do outro facilita o trabalho em equipe
Márcia Campos, Aquarius Software
mcampos@aquarius.com.br
“Você está resolvendo o problema certo?”. O título do artigo de Thomas Wedell-Wedellsborg (1), por si só, gera reflexão.
No contexto da Transformação Digital e Quarta Revolução Industrial, muitas empresas estão desenvolvendo projetos baseados em novos conceitos e tecnologias. Essas visões inovadoras trazem, inevitavelmente, grandes e novos desafios. Um deles é o relacionamento entre as pessoas e empresas envolvidas em projetos complexos.
Quando o objetivo é o mesmo, quanto mais claras estiverem as expectativas, restrições e preocupações para todos, mais fácil é para cada parte se adequar ou buscar alternativas. Porém, isso nem sempre é lembrado. Omitir dificuldades na relação comercial entre empresas, entre funcionário-chefe, colegas ou equipes é mais comum do que deveria.
Ao surgir um problema que não é resolvido rapidamente ou em situações mais críticas e demoradas, se uma pessoa ou equipe escolhe um caminho para contornar um problema desconhecido pelos demais envolvidos, as diferenças afloram e o clima tende a ficar difícil. Como a motivação não está clara, o caminho parece inconsistente e gera resistência. É quando se ouve frases como “não entendo por quê”, “ele/ela está complicando”, “isso é desnecessário”.
A boa notícia é que, em geral, com empenho e comprometimento, é possível detectar o que está para ocorrer e procurar soluções de contorno para melhor fluidez do trabalho em equipe.
As evidências mais diretas, normalmente, são queixas dos dois lados. Assuntos resolvidos retornam e surgem e-mails cada vez maiores envolvendo mais e mais pessoas. Uma evidência mais sutil e importante pode ser a situação que parece extrema, alguém sendo muito irracional, irredutível, intransigente ou com atitudes incompreensíveis. Em geral, extremos indicam que há algo importante que não está sendo considerado.
Entender e ser construtivo
Nessa hora, entendimento é a melhor estratégia. Antes de criticar a atitude de um funcionário, é preciso perguntar por que algo aconteceu ou o motivo para a escolha daquele caminho. Antes de reclamar com o fornecedor ou restringir recursos para um cliente, é preciso entender o que está por trás daquilo que não é inicialmente compreensível. Antes de ter uma atitude defensiva, é preciso lembrar que o objetivo é o mesmo e a transparência é a melhor opção.
Hughes, Weiss e Donigian (2) afirmam: “Justamente no contexto em que a pessoa se sente mais pressionada a agir depressa e a demarcar uma posição firme, é melhor não fazer nem uma coisa nem outra. Um jeito mais eficaz de afirmar seu controle e seu poder é reduzir o ritmo da negociação, conduzir o outro lado para um diálogo construtivo e demonstrar genuíno interesse no ponto de vista dos demais. Isso não é capitular. É ser estratégico em vez de reativo. É pensar vários lances à frente sobre como seus atos podem ser encarados. E é fazer escolhas táticas que provoquem respostas construtivas e contribuam para seus verdadeiros objetivos”.
Ter atitude aberta para ouvir críticas e buscar alternativas, ser transparente e flexível e colocar-se no lugar do outro facilita a busca por uma solução adequada para todos. Se os dois lados tiverem essa atitude, o processo será rápido e tranquilo e o trabalho em equipe fluirá muito melhor.
Quanto mais complexo ou importante for um projeto, maior deve ser a atenção com o alinhamento das pessoas e empresas envolvidas no processo. Isso é fundamental para atingir o melhor resultado.
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(1) Thomas Wedell-Wedellsborg, Are You Solving the Right Problems? – Harvard Business Review: https://hbr.org/2017/01/are-you-solving-the-right-problems, em 08/06/2017
(2) Jonathan Hughes, Jeff Weiss e Aram Donigian, Negociações extremas – Harvard Business Review Brasil: http://hbrbr.uol.com.br/negociacoes-extremas/, em 08/06/2017